Por terras do Lis
Uma caminha por
trilhos fantásticos e boa companhia, como sempre encontrei no CAOS – Círculo de Atividades Oxigénio & Sol.
Partimos da Capela
de Nossa Senhora de Lourdes, na localidade de Fontes (Leiria). É junto desta povoação de
Fontes que nasce o Rio Lis.
O
rio surge numa zona calcária, passa pelas Cortes e intersecta a cidade de
Leiria, com as margens quase todas ocupadas por jardins e percursos pedestres.
No seu troço intermédio, depois do rio passar pela malha urbana, formam-se
planícies aluvionares, às quais se deu o nome de Campos do Lis.
Os Campos do Lis são característicos pelos vários canais e açudes
utilizados para regar os terrenos agrícolas, nos quais nascem campos de milho,
extensas zonas de horticultura e os mais variados pomares que encontrámos pela
estrada ao nos dirigirmos para Fontes.
O rio Lis outrora foi um rio de muito maiores dimensões,
sendo na Idade Média um dos mais importantes meios de desenvolvimento para a
região.
O rio nasce a 0,5 km do lugar das Fontes. Esta
localiza-se a 400 metros de altitude, na terminação do Maciço Calcário
Estremenho (que constitui o 2º maior reservatório subterrâneo do país). No
local existem várias exsurgências, onde no Inverno a água proveniente da serra
d'Aire acaba por brotar à superfície.
A nascente tem uma enorme variação
sazonal, pelo que nos dias chuvosos podemos ver a água a brotar de uma forma
violenta no que tradicionalmente se chama de Nascente, enquanto que no Verão o
rio nasce apenas na vila, 0,5 km abaixo.
A ponte, reconstruída em 1954, é hoje um marco da aldeia, situa-se no centro do Lugar, perto da capela e é a única passagem para a outra margem.
O espaço dota de uma rica flora
característica do maciço calcário Estremenho, pelo que outrora o local foi
denominado Mata Real.
O nosso percurso
foi de 16 Km, circular com início nas Nascentes do Rio Lis, de onde iniciámos a
subida para a Serra da Maunça e depois para o Santuário da Senhora do Monte.
A capela de Nossa Senhora do Monte,
datada de 1550, localiza-se no local conhecido popularmente como
Pé-da-Cabeça-Do-Bom-Dia.
A igreja pertence à freguesia das Cortes,
concelho de Leiria.
No local podemos ter uma grande vista sobre a freguesia das Cortes,
e ao fundo podemos ver a cidade de Leiria. Em dias de céu limpo chega-se a
avistar o mar. É no sopé do monte que nasce o rio Lis.
Visto do miradouro podemos ainda ver novamente à esquerda a Maunça,
o ponto mais alto do concelho de Leiria.
Reza a lenda que a ermida foi mandada construir por volta de 1480
pelo navegador Diogo Gil que, perante uma grande tempestade, fez um voto
a Nossa Senhora que iria erguer uma capela no monte que do mar ele
avistava se esta o salvasse. Tendo a tempestade desaparecido logo depois, assim
que chegou a Lisboa foi à procura desse monte para nele edificar a capela, e
todos os anos iria fazer uma festa em honra da imagem que nela se encontra,
tradição que se mantém até aos dias de hoje.
A capela é muito simples, com um alpendre, e numa fachada lateral
tem uma placa que presta homenagem aos soldados da freguesia que combateram na
Grande Guerra.
A imagem da padroeira foi roubada em 1991, sendo substituída por
uma escultura de Fernando Marques.
Cruzeiro da Nossa Senhora do Monte - primeiro monumento erguido em Portugal em memória dos combatentes da Grande Guerra.
O cruzeiro da Senhora do Monte foi construído há 100 anos, mais precisamente a 24 de setembro de 1919, por iniciativa de combatentes naturais das Cortes e do padre António dos Santos Alves, que era, então, responsável por aquela paróquia.
Iniciámos a
descida para a pacata localidade de Fontes, passando por bonitas casas rurais restauradas
e por trilhos de rara beleza.
Sempre por
maus caminhos e em excelente companhia.
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