Rota da Garganta de Loriga

 Rota da Garganta de Loriga


Com o objetivo de alcançar a Torre através da Garganta de Loriga, partimos do Loriga Hostel - Serra da Estrela, em direção ao café/restaurante O Vicente para um café revigorante antes de iniciarmos nossa jornada pelo trilho PR 5.


Deixando a vila para trás, ascendemos por um estradão entre habitações dispersas. 


Após aproximadamente 2 km, entramos num trilho entre rochas, onde encontramos uma placa informativa e ao lado uma impressionante "moreia glaciar" composta por grandes rochas.


Um pouco mais à frente surge a indicação da Rota da Memória da Tripulação da RAF a 1,2 km. Um percurso de sentido único até ao local onde o avião bombardeiro caiu em fevereiro de 1944. 



Morreram os seis ocupantes, sendo os destroços encontrados pelos homens que andavam a explorar minério. Ficaram sepultados na localidade e o Reino Unido paga anualmente à Junta de Freguesia de Loriga uma verba, para manutenção das campas dos militares.


A visita à malhada do Mato Amieiro, onde se encontra um cruzeiro que marca o fim da Rota da Memória, ficará para outro dia.


Seguimos as indicações para as Salgadeiras, passando por áreas ainda utilizadas por pastores e rebanhos transumantes. A beleza da paisagem montanhosa compensa o esforço da caminhada desafiadora.


Gradualmente, ascendemos a um ponto mais alto com uma vista magnífica sobre a praia fluvial de Loriga e o Calhão Mogueiro, uma cascata situada a montante da praia fluvial com aproximadamente 10 metros de altura, formando um poço de águas transparentes.


Pequenas cascatas e riachos presenteiam-nos com paisagens encantadoras até chegarmos ao Covão da Areia.



Os covões são testemunhos da glaciação plistocénica na serra da Estrela, terminada há apenas 10.000 anos. 


No local, encontramos duas placas: uma evocativa de uma missa campal realizada em 1989 pelo Padre Jorge Almeida, intitulada "Pés na Terra, Olhos na Serra", e outra datada de 2012, lembrando a 1ª Expedição do Grupo de Montanha Dog Trekking.



Prosseguindo pelo trilho, alcançamos o Covão da Nave, revestido por um denso cervunal.


Continuamos a subir, enfrentando boas trepadas, até chegar à barragem do Covão do Meio, construída em 1953, sobre o leito da ribeira da Nave, na bacia hidrográfica do Mondego.


A água da albufeira faz transvase para a barragem de Lagoa Comprida, através de um túnel, com um comprimento de 2354 metros, idêntico ao existente no Covão dos Conchos.


Após subirmos uma longa escadaria, chegamos ao paredão da barragem e continuamos a ascender em direção ao Covão Boieiro, a uma altitude de 1.730 metros. 


Este Covão foi formado pela massa de gelo que deslizava a partir do planalto da Torre. Representa o 1º patamar que o glaciar de Loriga encontrava na sua descida do vale. Aqui, nota-se o meandro que atravessa o cervunal e forma o início da ribeira de Loriga.


Contornamos o Covão repleto de água e optamos por uma rota alternativa ao PR 5, passando pela Lagoa do Quelhas (1.790 m), da pequena Lagoa da Francelha (a 1.800 m e drena as suas águas diretamente para a albufeira do Covão do Meio) e da Lagoa do Serrano (1.800 m)


A Lagoa do Quelhas faz parte de um conjunto de reservatórios denominados de Poços ou Tanques de Loriga, com aproveitamento das águas desta lagoa para o regadio dos campos agrícolas do vale de Loriga.


Após alguns metros já avistamos o teleférico da Estância de Ski, que mesmo sem neve faz a delícia dos turistas.


Finalmente, o nosso trilho acaba junto à Torre, coroando a nossa jornada com a recompensa de vistas deslumbrantes sobre toda esta paisagem de vales e rochedos, num mosaico de xisto e granito entrelaçado pelo azul dos cursos de água




Trilho do Wikiloc

Estas e outras imagens podem ser vistas em: Qamera do Jorge  ou outros eventos em Qamera, Cedas & Veredas

Comentários

  1. Boa descrição, parabéns.
    Bem-haja pela partilha

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  2. Parabéns, uma excelente reportagem, bem descrita e com fotografias muito ilustrativas.

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